Por quantas vezes me olhei no espelho a me apreciar, bela e formosa, curvas cheias que fariam derrapar qualquer mustang último tipo. Por anos a fio olhei minha imagem a me agradar, nunca fui muito de me fazer ser o que otros quisessem. Eu me gostava, salvo umas pequenas imperfeições, e jogava divinamente com a sedução como a minha capa-espada-escudo de Mulher-Maravilha a capar todos os afoitos de olho no buraco da minha fechadura. Sempre gostei de ser ímpar, única, de mostrar minha personalidade, muito falante para esconder a timidez, era uma gralha a cuspir minha inocente verdade, minha carência. Eu queria mesmo era me escrachar pra ver se me queriam, o fazia na maior inconsciência. Naquela época não condizia um corpo de mulher sedutora guardando dentro um coração de menina carente.
A menina foi crescendo aos poucos e a mulher foi se revelando uma árdua lutadora intelectual, sua língua afiada, sua mente apurada começava a questionar quem era e os inúmeros porquês. Era um mundo interior a pesquisar e um exterior que pouco lhe dizia de verdade, era uma marionete a borboletear pelo mundo sem chegar muito perto. A solidão sempre foi companheira, sempre vivi na história dos outros e construía minha própria história de uma densa seleção de emoções. Eu tinha pouco espaço, existiam grades nas janelas, laços de aço banhados a ouro e eu caminhando fui descobrindo que eu queria algo, mas não era de coração.
Fiz portas se abrirem, busquei lá no fundo do baú minha auto-estima, era vaidosa pela minha qualidade de coração, fiel, amorosa. Plantei muitas mudas pelo caminho, aprendi a me nutrir, e agradeço a todos que por mim passaram e deixaram de si algo que me fez crescer. Acreditava meus reflexos serem os que atraía, hoje me questiono mais uma vez:
Serei eu mesma essas sombras?
Quiz sempre ser exemplo como educadora e como pessoa de bons princípios, recrimino hipocresia , falsidade, falta de compaixão e hora vivo me deparando com minha mais nova arte, a da falsa boazinha, quase Irmã Dulce às avessas, aquela que ouve barbaridades e faz de conta que não tem que berrar que é MENTIRA, calo-me em mágoa profunda. Serão estas minhas atitudes returcidas, meus opostos, o que nego em mim com certeza, salvo minha justiça que fará disso mais uma lição.
Certa vez ouvi de minha terapeuta: Espere que os outros provem ser dignos de seu amor. Então, se entregue.
2 comentários:
ENTREGAR SE É TAO DIFICIL ACHO QUE É UMA TAREFA QUASE IMPOSSIVEL.
EU POR TANTAS VEZES ME CALEI E ACABEI GUARDANDO MAGOAS,AINDA ME CALO MAS NAO TANTO QUANTO ANTES, ISSO DOI MUITO FICA UM BURRACO DENTRO DA GENTE.
MENTIR COM TODOS OS DENTES SORRIR PRA NAO DESAGRADAR ISSO ME DESGASTA DE TAL FORMA QUE NEM A TERAPIA ESTA ME AJUDADO MAIS...
BJOS
Minha sócia muito muito amada *.*
"Espere que os outros provem ser dignos de seu amor. Então, se entregue."
Sim, porque senão viramos destroços emocionais, dando demais pra quem está de barriga cheia, e por isso nos vomitam o excesso sem dó; aos de estômago vazio e esfomeados, não sobra nada de nós, comem tudo, desesperadamente,e saem satisfeitos, deixando o prato limpo e um vazio...
O segredo é encontrar quem quer dividir sua salada com a nossa carne, nem está passando fome ou regurgitando, quer trocar, fazer a alquimia da mistura dos temperos...
BELO texto minha querida!!
Tão cheio de vc nas linhas.
Já te disse que és inigualavel e ninguém pode roubar isso de ti.
ENORME beijo
♥
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