Idealizando Príncipes e Comendo Sapos

Mulheres são feitas de sonhos, suspiros,  sorrisos pro nada, mulheres são seres que não carencem de feeling, umas tem até demais, mas na maioria são essas criaturas encantadas, benditas mães da humanidade, que criam um caminho dentro de si mesmas, onde vegetam emoções, flutuam com seu coração na boca, sua ansiedade quente entre as coxas, a deseja um ser que a tome nos braços e a faça "sua" naquele momento de posse de seu corpo e de toda sua razão.

O feminino é receptivo, aberto, sensível ao entorno, pronto a amparar, receber em seu corpo um sêmem ou um homem que se pudesse, ela o reteria ali dentro pra sempre num forte e ardoroso cruzar de pernas. Essa mulher nasce de uma outra e cresce sem noção de sua sexualidade, ela deseja o sonho, o companheiro, aquele com quem possa andar pela vida de mãos dadas, aquele que seja seu parceiro  intelectual, que partilhe de suas idéias e as questione, ou aquele que lhe faça filhos e os crie juntos, seja o pai que colabora com sua visão mais prática da vida, por vezes ela sonha com o amante, aquele que seja todo seu naqueles encontros fortuitos, que seja ela a quem ele ama e venera em cada momento de paixão.

E ela vai vivendo em seu reino de fantasia todos aqueles que beija na boca e os transformando em príncipes. É a mulher que escolhe o homem que a leva pra cama, é ela sempre a culpado por seduzir os bravos machos viris, principalmente os intelectuais. Seja ela uma executiva, uma loira-burra, uma mulher da vida, ela que se abre, que se permite viver a busca de sua realização feminina, seja ela uma mãe procurando um ser carente ao qual possa dar seu regaço, seja uma menina que quer construir uma família, seja uma pessoa que tão bem resolvida se acha, que nem mais sonhos tem, ela vazia ficou por não poder ser aquela princesa. Ela morre por dentro a cada encontro, 2 drinks, um motel, champagne, sexo vorax, gozo, tudo perfeito dentro do ritual.  Ela pega seu carro, caminhos distintos e lá do outro lado ela enxerga um sapo ao volante, garboso, paletó e gravata, sorriso de "mais uma boa". A amiga no telefone relata, cansada de lacar roupa, e depois ainda tem que dar a noite, e o marido reclama que ele tem que "mexer mais", um sapo macho que ditas regras matrimoniais, como se fosse ela um "pinico de porra"  do desejo banal de um pinto sem cabeça. A gente acaba comendo "sapos", seja em forma de pinto, seja em forma de anfíbio  atrás de caçar "moscas" seja sapos de brejo que a gente esbarra pela rua, desconhecidos, sem CPF, sobrenome, sapo-boi que anda em manada.

Esse meu feminino deseja suspirar, sem precisar dos sonhos da juventude, nem se definhar numa mera carne de mercado a ser consumida fria numa bandeja de motel, mas não me admito vivendo de bico de pinto, umazinha aqui, outra ali, parece relógio de ponto, como a marcar o exercício do sexo, mas o sapo já pulou fora e fico eu a voar debilitada, sem rumo. Eu continuo sendo uma princesa, hoje sem fescuras, sem cora, mas querendo um principe na real, aquele que abre espaço na vida dele e me deixa participar, que me acolhe quando choro e me faz cócegas na banheira, rimos juntos das bobeiras do amor, somos parceiros sem dono, companheiros sem tempo determinados. Aquele homem que goste de amar, de ser amante por puro deleite de me fazer gemer, de me enlouquecer sem qualquer desejo de poder, somenta satisfação em me fazer doida e feliz embaixo dele.

Garçon:

_ Aceita um sapo a parmegiana?

_ Sapo? Blergggg

_Me traga a carta de vinhos, por favor.