sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Ira Dá Impotência

Caríssima Vennus, fez-me lembrar da força da ira, do quão grande a chama da ira inveredava pelas veias do corpo, o intumesce e ele se rasga de um tesão agressor. Sua espada é seu pênis, que sangra sua dor de macho , de precisar ser MACHO seja como homem, figura masculina e forte, seja como o viril conquistador que mete e arrebata gemidos das vaginas da vida.
Um ser pequeno ou um pequeno ser, nas duas categorias ele se encaixa, talvez o que mais ele tivesse fossem "emoções", aquelas águas turbulentas, quem sabe oriundas de ondas placentárias de uma mãe nada consciente do poder como criadora de uma criatura. Ele, o último de 13 irmãos, alguns pais e um único ventre a parir desde os 14 anos de idade.
Era sempre o que sobrava, cuidado pelos avós depois da morte do Pai. Aos 8 anos seu Herói e vítima de uma esposa e brejeira namoradeira. Muito cedo ele puniu a mãe pros-ti-tu-ta com chibatadas penianas, talvez na adolescência no seu silêncio de observador por medo de acionador, viu coisas demais e cada vez mais o sentimento de "nojo" e "repulsa" pelo desejo carnal. Foram anos a fio de um sangrar constante expressos em lágrimas de dor intensa e raiva por sentir prazer no sexo. Seu escudo de aço por vezes se rendia ao calor do corpo, às labaredas da fome de amor, e ele adorava negar seu pênis, dar de si, do seu sêmem a alguma qualquer. Todas eram uma qualquer para ele, ele temeria até o fim de seus dias vir a ser igual a seu pai.
Não sei se tenho pena de mim ou dele, eu como a vítima da vítima, ou se neguei até o fim ler esse NÃO à minha mulher feminina e romântica. Ele usou de todas as armas, arquitetou planos sutis, por algumas vezes eu o sentia se aproximando, e mais eu caminho de encontro a ele, lentamente, pois era claro a dificuldade com a intimidade. Com o tempo fui percebendo o controle obcessivo até com o orgasmo, ele fingia gozar para não dar seu sêmem, nem pra camisinha, muito menos pra mim. Eu minei algumas resistências dele, achava eu que vencia lentamente batalhas no fundo do mar, tentando resgatar um afogado.
Nadei, nadei e acabei na praia, com a boca cheia de areia. Ele lá embaixo no submundo da impotência do falo, não o falo de baixo, mais o falo que fala, se expressa e até vomita, seja para fertilizar, seja pra adubar. A impotência de saber dono de si, do saber de si, sem precisar criar-se e camuflar-se em ondas gigantes, demolidores de corações resistentes às ilusões. Ao chegar lá no fundo, eu ainda suspirava as minhas últimas hemoglobinas oxigenadas, jazia seca, me sobrou a chama da indignação e a ira reverberou nos porões da razão, atirei farpas de sangue , joguei pragas pelos prados, voei em círculos e um dia minha ira-combustível se acabou.
Mas a dor dele ainda resistia, ele precisava dizer ainda "que estava muito feliz", é talvez mais uma vez ele tinha sido vitorioso contra a não se entregar, pois jamais conseguia amar através de seu falo mudo, duro, só para cumprir suas obrigações.
Não saber onde se !meter! e o que encontrar pelo caminho até o gosé muita paúra.
Passados alguns anos, agradeço a ele por me usar, ele de mim ganhou amor, dele aprendi a compaixão.

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