Falsos Brilhantes

O baton vermelho destaca a boca rasgada de um sorriso alargado, um prazer sem fim a desfilar pelo branco laser dos dentes perfeitamente reparados. Isso é de berço, a personalidade que se faz identificar pelo que sobressai, não é à toa que os cartunistas ganham dinheiro, identificando traços marcantes que são a marca registrada de alguém que se faz naturalmente. Vide a ouriçada Carmem Miranda, a espalhafatosa Elke Maravilha. No nosso cotidiano as pessoas vestem suas vestes, maquiagens, desfilam seus carros 0Km, frequentam bares da moda, clubes onde são feitos mais do que almoços em família, são acordos de negócios a quatro nas duplas de tennis.

Muitos nunca nascerão em berço de ouro, nem serão uma Rainha Vitória, nem mais terão sonhos. Nascemos num mundo meio caótico, mal-acabado, onde crescemos sem muita esperança verde, aquela lá da bandeira brasileira. O que podemos ver são os falsos brilhantes perfilados nas vitrines das lojas femininas, nas bolsas de griffes famosas da 25 de Março, dos autodidatas a prometer curar e reviravoltas amorosas e financeiras, um monte de diplomas de nível superior nas paredes sem validade, casamentos mantidos por acordos táticos de que sozinhos teríam mais despesas, muita gente sozinha sem saber o que fazer com o amor, mas quase todos confusos e apressados em salvar a pele, o quarto alugado, o colégio dos filhos, em tripudiar sobre o chefe pra ficar com o lugar dele, etc.O livre comércio do salve-se quem puder.

O comércio sexual de crianças, pois as prostitutas já perderam muito do seu glamour, hoje quase toda mulher é "puta" perante as más línguas, fazem de um tudo e ainda oferecem algo a mais para ganhar as disputas. As mulheres se libertaram e agora fica na mãos dos homens escolher qual quer comer. Nos igualamos ao sexo "forte" e acreditamos ser "bem resolvidas" quando só escolhemos sexo, quando traímos os maridos porque estamos insatisfeitas e o companheiro mais se serve dos nossos préstimos, quando já não acreditamos poder ser amadas por inteiro, a gente já vai "pela metade".

A questão não está em termos evoluído como mulheres, conquistamos nossos direitos igualitários, mesmo que ainda ganhamos 30% menos, não está na facilidade com comidas congeladas, maridos que não exigem mais mulher cozinheira e passadeira, da divisão de tarefas, dos filhos entregue nas creches, escolas, judô, cursos de inglês e a gente só se esbarra a noite no corredor, pois cada um hoje tem seu quarto, TV, micro computador (OBS: estamos falando da plebe de classe remediada). Mesmo com todos os recursos de educação, formação profissional, experiência sexual, liberdade, facilidade para usar drogas, não precisar mais casar no papel pra ficar junto, não precisar ter filhos no casamento, todos os contraceptivos existentes, nem ser linchadas(os) por terem pulado a cerca, seja a cerca do vizinho ou a cerca da tela virtual.

SOMOS UMA GRANDE FARSA!
Não questionamos o porque das coisas, nos acomodamos em nossas poltronas rosa-choque, rimos da falta de homens, da explosão dos gays e lésbicas a disputá-los conosco. Não lutamos pelos valores em que acreditamos, saímos a passeio, na roupa da moda, ficando e beijando bocas com mau-hálito, chorando no travesseiro, coletando frustrações no peito em vez de experiências amorosas. Preferimos o brilho falso e as alegorias que nos iludem que é dia de festa. Tendemos a nos afastarmos da dor racionalmente, ela ali se encontra perene dia e noite, seja na forma de raiva, de desmotivação, preguiça, somatizando doenças, mal=estar, cansaço. .Chutamos o pau da barraca errada, não é deixar pra lá, se acomodar, ser vítima, é poder cultivar integridade adquirida pelo esforço diário em ser feliz, em dizer não na boa, em pedir com naturalidade, em receber nãos e seguir pra frente, ter nome e identidade personalizados de muita ideologia, crenças, tesão e certeza de ser melhor, se aprimorar, pra se olhar no espelho, sorrir, se aprovar, deixar a marca de batom no espelho, virar as costas respirando fundo e se sentindo,GOSTOSA!