Nos Embalos Carentes dos Chás Dançantes

Eu fico pasma,chocada com o que a humanidade tece com seu destino. Das velhinhas crocheteiras que se juntavam na sala de estar a trocar ideias e fofocas , enquanto formalmente ajudavam os carentes na criação de colchas de pedaços de crochet, o mundo contemporâneo já não mais sente-se carente na velhice de antigamente, já não mais a solidão assola somente as meninas de cabelos brancos, óculos de graus e rugas. A solidão assola mulheres que precisam mais do que serem beneficientes aos necessitados. São elas as necessitadas de atenção em casamentos inócuos, filhos adultos e uma casa sem sexo, sem visitas, sem churrascos nos fins de semana. Algumas viajam pelo vazio da existência, longe completamente de todas as reais possibilidades de realização pessoal. Nada mais terapeutico do que reuniões sociais, guloseimas e ainda bons pares de pernas, tronco e braços masculinos a lhe tomar as mãos e saírem bailando pelo salão, tudo pago num só pacote, o chá, o dançante e o baile, de acordo com o preço. No mais caro dança-se todas as músicas, outros 1 sim outra não, e elas eufóricas à espera da próxima música.

Nos meus "enta" de experiência, custa-me acreditar que se comam muitos doces nesses chás, mais corpos se roçam, se esquentam e dali esses michês dançantes se promovem a professores de dança de salão e começa então um longo caminho de conquista das solitárias mocinhas com mais de 50 anos de puro vazio sexual e existencial.. Me pergunto, será que precisa-se pagar por uma dança? Me lembro minha avó contando das cartelas de bailes de algumas boites não muito honrosas e nos bailes da monarquia, onde os rapazes faziam filas a poder marcarem sua dança no caderninho das mais bonitas e simpáticas.

Realmente as coisas mudaram, me sinto uma anciã com aquele olhar míope de vista cansada, a mirar longe os novos tempos e balançar a cabeça ao ver a inversão de valores. Pra mim é pior que prostituição, pelo menos o "prostituto" garoto de programa assume sua função (trepar) e estes acompanhantes já são a escória, os que sobraram, que não servem para ser objeto visual de desejo, a eles lhes falta traquejo, classe, são os que não serviram pra nada e sobrou a prática da malandragem, personalizada de professor de dança.

Triste ver aquelas mulheres disfarçadas de senhoras poderosas a pagar lanchinhos para saciar a fome de homem, de sexo, de carinho, mentindo em casa aos maridos cornudos. É uma porra de auto-engano, uma comodidade cruel de total invalidação, a favorecer um tipo de comércio miserento, e pior de tudo, a se iludir pelos pintos a roçar Dois pra lá, Dois pra cá e aquecer os gélidos países baixos, a fazer destes amantes pagos, quase todos trilham da mesma história de pobres infelizes, assim passam eles a recebem pela dança, pela companhia nos fins de semana, pelo um sexo fortuito, onde não há espaço para romance, somente comércio de conveniência.
SEXY - SELF - SERVICE !!!!!