quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Homens "Fracos" Geram Mulheres Auto-suficientes e Intelectuais


A coisa parece começar lá na infância, bom, acredito que somos  resultado de: caráter + ambiente + nossa interpretação das experiências, o bom que a vida faz a gente estar sempre em constante mudança e reflexão sobre o que de alguma forma nos afete e dói. Mas voltando ao umbigo da questão, a ausência da figura paterna por morte, separação, ou mesmo um pai/avô/padrasto presente com uma atitude ausente, somado a uma forte figura feminina, sendo esta aquela que por necessidade /ou opção  de comando, desqualificará a relação arquetípica que oa sociedade conhece desse arquétipo masculino provedor, forte e protetor, cria uma vazio nessa relação triangular de base e poder que nos norteia desde crianças. Óbvio que cada um de nós terá uma interpretação a princípio psico-emocional e não racional sobre os fatos e, dessa interpretação, formaremos crenças que nortearam por um bom tempo, ou por toda uma vida a nossa posição em relação ao homem e tudo aquilo que ele representa, autoridade, masculinidade, força bruta.

Daí provavelmente existirá uma mãe guerreira, aquela que tentará unir 2 papéis, que ao sentir-se sozinha e responsável pelo sustento dos filhos e da casa, empobrecerá sua feminilidade e muitas desqualificará pais, maridos, amantes, de acordo com o que sobrou dessa relação com eles, ou ainda aquele com quem ela convive diariamente. Essa menina muitas vezes ao ter seu herói desmoralizado - um dependente de drogas, inconsequente, um traídor, incompetente, escapista, que faz essa menina muitas vezes se decepcionar, criar uma relação simbiótica com essa mãe vítima, batalhadora, que a salva e alimenta, que muitas vezes se colocar na posição do pai ao cuidar da mãe, ao sentir-se muito cedo responsável por ajudar no sustento familiar.

Surge então uma jovem que irá buscar se dedicar a ser o oposto do exemplo paterno, quase uma forma de se rebelar a tudo aquilo que o pai representou. Ele se dedica e busca o conhecimento como forma de conquistar uma qualificação profissional que favoreça a restituir à mãe parte de todo esforço e dedicação. Junto vem a necessidade de ser uma mulher independente que não precise passar pelo que sua mãe passou, saibe se impor e cobrar seus direitos,ou a própria mãe a admoestará contra esse "homem fraco de caráter" e estimula a filha a superá-lo.
O interessante é que ao crescer intelectualmente, essa mulher entra numa disputa clara de poder e competência no profissional e muitas vezes isso se estenderá ao pessoal. Já li num artigo que essa transição pode ser de fato quase uma projeção dessa mulher sobre a figura paterna, mais ainda uma forma dela trazer o arquétipo masculino presente em sua vida, mesmo que não exista a busca pela masculinização ou homossexualidade.

Muitas vezes o próprio machismo social e que chega até o ambiente de trabalho, termina por forçar a mulher a ter uma postura mais dura, menos feminina, como forma de criar distanciamento do assédio sexual masculino, como também da aparência executiva revelar uma profissional competente, da mesma forma que o terno e gravata traduz no homem esse valor. Claro que haverão aquelas que serão tão compulsivas quanto ao exercício profissional, que muito de seu romantismo fica trancafiado num cofrinho, só aberto quando um homem a valorize como mulher e profissional, ou talvez sua armadura seja forma de proteção quanto ao medo de ser "abandonada" na sua auto-confiança de ser amada.

Mas, com certeza, por trás do conhecimento, dos títulos, do discurso correto, da competência, existe uma mulher, existe um corpo com desejos, uma sensualidade a ser exposta entre quatro paredes, uma sexualidade a ser vivida intensamente. As faltas sempre criam espaço e compensamos este como forma de sobrevivência emocional, mas haverá sempre a possibilidade de refazer a partir de não esconder de si mesmo o direito a amar e ser feliz.

12 comentários:

Desabafando disse...

Muito bom o texto, nunca tinha encarado essa situação que vc menciona dessa forma mas achei muito interessante e válida.

Anônimo disse...

Qtri Sá!!!Parece que você estava descrevendo a situação em minha família. Foi exatamente assim. Mas aí vem aquilo que você escreveu, que pra mim é o difernecial de qualquer texto que fale sobre isso: a interpretação dos fatos. Eu e minha irmã vivemos a mesma situação, mas buscmaos caminhos totalmente opostos. Minha irmã é super inteligente, viajada etc, mas ela cresceu e sustenta seus alicerces através do marido, que ela escolheu ser o oposto de meu pai. Ele é um doce de pessoa. Mas já eu , sempre fui meio enlouquecida, mas quando enverguei no cdfs me puxei. Escolhi um marido pior que meu pai, por isso não aguentei a situação também, até hoje não sei porque tenho atração fatal por fíguras masculinas sem valor, mas nunca mais deixo pra escanteio o profissional.

Enfm, já estou conformada que não consigo me atrair por homens de caráter, fica a dica pra mim mesma: não gostar de nenhum deles.

bjs

DESASSOSSEGADA disse...

Minha nossa Sá vc esta cada dia se superando mais e mais nos seus textos.

Impressionante como seu texto relata uma boa parte da minha vida.

Bjos

Sà-lamandra disse...

Oi Desabafando, no estudo da Astrologia, na linha de desenvolvimento psicológico, a gente trabalha muito o simbólico das relações parenterais, e vou estudando muito psicologia do comportamento, das relações e traduzindo no Mapa Natal a origem de certos posicionamentos que temos diante das experiências que vivemos.
Beijos

Sà-lamandra disse...

Ô Google, nem me fale, há sempre forma de mudarmos o rumo da "prosa" afetiva. Eu também tive um pai invalidade e pior, como eu era fisicamente e de temperamento parecida com ele, avó e mãe pensava que eu poderia ser igual. Acredito mesmo que a gente copie parte do arquétipo e repita, muito pela nossa própria atitude, e nesse quesito, os opostos se atraem, dependendo do desejo de contole para não sofrer, a mulher busca um parceiro que se permita dominar para sentir-se mais segura, mas depois ela o invalidará e o rejeitará, como de certa forma fez com o pai, ou sob outra ótica, repetindo o padrão de escolher quem a rejeita ou não a valida como pessoa.

Beijo

Sà-lamandra disse...

Desassossegadinha, algo temos lá em comum nessa natural aproximação bloglóstica. :)

Beijos e bom findi.!

Desmanche de Celebridades disse...

Olá,
Obrigado por nos seguir, por sua atenção, e por debater conosco.
Volto para ler seu blog em breve.

O desmanche tem muito orgulho dos seus comentadores, pq na maior parte, são pessoas que dispendem o seu tempo e elaboram o conteudo de suas palavras para debaterem os temas com a gente. Isso nos orgulha muito. Vc deve ter percebido o tamanho dos comentarios por lá. Eles so vem a revelar o comprometimento dos nossos visitantes, e o respeito deles por nosso blog. Valeu mesmo.

Bom, não consigo culpar o povo brasileiro por sua ignorancia. Não num país que tem um dos piores sistemas educacionais do mundo. Acho que a ignorancia é imposta de cima pra baixo sem que possam escolher.

Como sociólogo, acredito que o peso da sociedade sobre o indivíduo é maior.

Quando fazem projetos sociais de verdade, ensinando crianças da favela a tocarem violinos e participarem de orquestras de música clássica, vemos várias delas aderindo e participando. Portanto, sou firme na idéia....não é o povão que gosta de lixo, ele é ensinado a gostar disso. Quando mostram coisa boa com o tempo ele adere também.

Seu comentario também me fez pensar em outra coisa. Uma TV com 24 horas de cultura pura seria chata. Futilidades são necessarias, mas não as que transmitem ideologias equivocadas e ainda parecem serias. Futilidade por futilidade é legal as vezes, contanto que o povo tenha educação suficiente pra perceber que aquilo é puro entretenimento e que não tem nada a ver com a realidade. O duro é confundir o futil com o real, como acontece por aqui.

Abraços.
Muito Obrigado pela atenção.

Desmanche de Celebridades disse...

Oi,
O blog tem eu que comento como Desmanche de Celebridades, e meu amigo que comenta como Laurindo. Somos só nós dois.
Como vc bem disse, o individuo sociológico com autonomia de pensamento depende de boa educação, boas escolas e bons professores....o que no Brasil não acontece na maioria das vezes. Isso faz do brasileiro um individuo bastante manipulado pela sociedade, a sociedade acaba tendo um peso muito grande sobre ele. E mesmo nas sociedades de melhor educação, não acredito que existe o livre arbitrio defendido por Weber. Quanto à definição para individuo prefiro a de Pierre Bourdie.
Volto a dizer que não foi a intenção do post afirmar que apenas a tv faz isso. Se vc ler posts anteriores a este, vai encontrar visões parecidas com a sua, que colocam responsabilidades também sobre o povo por ele ser vencido, desunido e acomodado em alguns aspectos. Só que isso precisa ser feito com cuidado, para não se tornar um discurso elitista que culpa apenas o povo e tira a responsabilidade das instituições, das autoridades, da desigualdade social, das ideologias, e de nós mesmos.

Abraços

Desabafando disse...

Oi Sä, tudo bem? Estava com saudades dos seus comentários e palavras.

Concordo que minha amiga vive uma relação muito submissa igual minha avó vivia...mas fazer o que? Poderia mudar se quisesse mas nem todo muundo aproveitas as oportunidades que a vida oferece pra isso.

,,, disse...

Sóciaaaa Amada *.*

Passando para ler o que tão bem colocas. E quem hoje em dia não cresce ou cresceu, num ambiente onde a figura masculina inexiste? Ou se existiu foi tão sem força, sem presença, sem firmeza, sem valor...Basta ler os comentarios das meninas e veremos que é "mais comum" do que se parece, nascer num ambiente desprovido de força yang. Não estaremos voltando a época das Amazonas? Não sei, meu pai foi um homem ausente, mas tenho tanto carinho pelos "medos" escondidos embaixo da armadura de inteligencia e frieza que ele usa...Quando crianças não temos discernimento, vemos em bases tão fantasiosas, e é uma luta para essa menina crescer feminina num ambiente onde tudo a empurra em abrir mão dessa NATURALIDADE da essência dela, talvez mais odiando a mãe que lhe parece submissa a fraqueza como homem do pai, do que repelindo o masculino...Tanto que crescem cultivando a masculinidade, e empurrando o feminino para qualquer canto do inconsciente, onde fique esquecido e empoeirado...

As mulheres mais independentes que conheço, TODAS, tem péssima relação com suas mães. Péssima visão das suas mães.


Beijundas minha pitélzuda

Sandra Gonçalves disse...

Ai miga, enfim ouço tua voz ...:)
Nesse aspecto específico, tive pai ausente e uma mãe muito presente, mas sem grandes problemas de relacionamento. Mas por muitas vezes, sozinha ao lado dela, mesmo com meu padrasto-banana, eu era parte de um arquétipo protetor, amparador, que a defendia, que era mais forte.
Creio que no meu caso, minha busca pelo desenvolvimento intelectual veio como defesa e confronto do arquétipo masculino.

Beijundas ♥♥♥
San

Diário Virtual disse...

Nossa... excelente...

"aí provavelmente existirá uma mãe guerreira, aquela que tentará unir 2 papéis, que ao sentir-se sozinha e responsável pelo sustento dos filhos e da casa, empobrecerá sua feminilidade e muitas desqualificará pais, maridos, amantes, de acordo com o que sobrou dessa relação com eles, ou ainda aquele com quem ela convive diariamente."

como tem vidas assim... nunca tinha reparado nisso!