sábado, 10 de julho de 2010

Por Um Fio

O limiar entre o bem e o mal dentro de cada um de nós é apenas uma tênue linha, um divisor de águas entre o antes e o depois. Nada mais será como antes,num segundo, um passo a frente, uma tomada de decisão e uma pessoa racional se funde ao seu lado primitivo, selvagem, perverso e consciente do ato. Nesse momentos é como se a fera engolisse a bela e a barbárie do inconsciente coletivo, dos tempos da caverna, onde a lei do mais forte imperava, a vida dependia de sua luta diária para sobreviver e disputar a sobrevivência com outros. O sangue irá escorrer pelas mãos, pela língua que ordena,pelo peso das moedas que pagam os carrasco. O sangue manchará a honra do nome, da família, mas este ser humano não se dará conta do que causou a si mesmo,isento de qualquer consequência e prejuízo, desde o seu pedestal luminoso do cárcere, idêntico ao do palco da TV.
 Custo a crer nessa cultura permissiva que anda na lateral das calçadas, no meio fio das ruas, na lama e lixo que se acumula nos bueiros da sociedade. Não é a mendicância,nem a fome que leva crianças sujas à rua, mas sim a delinquência de muitos que vivem fora de um entorno com limites. Adolescentes jogados na vida, adultos em função , nem emprego, nem estudo, mãos desocupadas,mentes vazias, estagnadas, mãos ansiosas por excitação. Uns roubam carros, outros se prostituem, um monte se droga, perdidos e sem rumo, ficam à espreita de um surto de prazer, de um bocado grátis de qualquer coisa. Correm alucinados atrás de ídolos,  se submetem a humilhações de abusos sexuais em casa e fora dela, vivem num mundo cruel,  esse sim um mundo de espiação,um caminho sem volta, nem o Batman salva. Aliás, hoje só ídolos de barro que a qualquer momento racham diante da chuva ácida do escárnio do vexame, da humilhação, da aniquilação. E ele passa ao som das injúrias e xingamentos, incólume, como um rei decaído, mas tentando salvar a foto na manchete sanguinolenta do jornal. Com certeza estarão algumas ratazanas a lavar seus pés em busca de uns trocados, alguns abutres sairão em sua defesa por milhões de euros, tudo acabado.
Na foto 3X4 da ficha policial aparece estampada a couraça de um bicho, um verme que estrangula, mata, muito parecido ao  personagem Hannibal, nascido para matar, esse não acredito desvirtuado pela doença, mas aprisionado pela ausência de temor.Um perfeito monstro que cultiva flores abandonadas nos jardins das cidades, murchas,sem viço, só o sexo a vibrar, anunciando que algo ainda a trocar por um bocado de êxtase de vida.Não sei qual pior deterioração de uma pessoa,  a vítima ou seu carrasco. Tentando olhar com certa distância, a vida cria atalhos e as experiências são responsabilidade daqueles que se enfiam atrás de ganhos fáceis, não sobrevivem, física ou emocionalmente, marcados para sempre pelo gênio do mal que lhes deu a mão num pacto de poder e morte.
Mulheres são mais vítimas, mais frágeis, sonhadoras, inocentes e burras, crianças se submetem por medo aos canalhas-carrascos, perfeitos demônios no abuso desses inocentes, velhos são outras vítimas silenciosas de maus tratos de filhos, de entidades,homossexuais outros que sofrem espancamentos, são mortos e deixados expostos, como se ali houvesse justificativa para a barbárie.Pior que muitos passam ao lado de corpos inanimados de prostitutas,gays, mendigos e seguem, como se fosse uma escolha do outro e nada mais. A vida segue, como se matar e morrer fosse meio de limpar a sujeira, mesmo que carreguem nos pés o rio de maldade que os ronda. Desde sempre somos ambivalentes, duais, nossa responsabilidade é buscar discernimento ante as escolhas que temos pela frente. Matar sempre foi trivial, desde os duelos até a velha chave jurídica "em defesa própria",principalmente da honra masculina, da procriação de fetos, como se o homem fosse o poder responsável pela concepção, paga pensão em troca do poder fálico! adultos
De repente a banalização , diante da mídia histórias escabrosas de homicídio de filhos em pais, vizinhos, namorados, amantes, crianças estupradas aos 2 , 3 anos de idade. Atentem e cuidem dos seus. Que haja força aos que sobrevivem, justiça, punição para os párias depravados.


7 comentários:

Anônimo disse...

Oi Sá, obrigada pelos elogios vindos de vc é uma honra que escreve tão bem as entrelinhas.

ë o abismo que está do lado mais fácil é atraente cegos se atiram nele cegos pela ang'sia e viver emoções mais fortes. Que vontae é esta ue motiva as pessoas a não se esforçar para se manter no muro. nem destrambelhar para a bondade exacerbada, nem pular para o abismo tão fundo que nao tem volta?

as notícias e o cotidiano estào por aí...leves para interpretarmos e usarmos estas informaçoes ou não...bjs Sá, boa semana pra vc.

Desabafando disse...

Nem tenho o que acrescentar, seu texto já diz muito, fico indignada com certas coisas e com a maldade de alguns seres humanos.

Rê_Ayla disse...

pq será q seu post me lembrou muito essa história do goleiro Bruno?...

o pior é q as pessoas acabam se acostumando a estas coisas, não se chocando mais, achando até normal... e outras pessoas ainda culpam a vítima...

Rê_Ayla disse...

pq será q seu post me lembrou muito essa história do goleiro Bruno?...

o pior é q as pessoas acabam se acostumando a estas coisas, não se chocando mais, achando até normal... e outras pessoas ainda culpam a vítima...

Rê_Ayla disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Morbid_Angel disse...

Este seu post tbm me lembrou da historia macabra do goleiro Bruno, vc o criou pensando nisso.
Nem ha mto o q acrescentar neste seu texto, eh uma realidade taum triste e q, mtas vzs, pessoas proximas a nos estaum passando por isso e naum nos damos conta.
Bjos anjo, te amo.

Sà-lamandra disse...

Gente, não só do Bruno, mas da Mércia, advogada, morta pelo ex-namorado em SP,dos 6 meninos estuprados e mortos por um pedreiro em Goiania, do pai na Austria que estuprou a filha por mais de 10 anos,mantida em cárcere privado no porão da sua própria casa... são muitos que se somam. :(
O homem tenta crescer intelectualmente, descobre o DNA, mas continua cultivando um nicho de selvageria nessa sociedade
E a vida mora ao lado, ainda vítimas pela vizinhança.
Beijo